Lisboa, 26 de maio de 2023.
Poucas coisas, em viajar, fazem tanto sentido quanto os encontros — com lugares, que falam com a nossa alma; sabores, que visitam o nosso imaginário; novas versões nossas, acessadas a distância. E ainda que todos esses encontros me toquem de maneira especial, são aqueles, dados com pessoas, que mais me fascinam.
É que ver gente, estar com gente, conversar com gente, também é encontrar lugares, sabores, versões — numa intimidade e irreverência surpreendente. Não nos dirigimos até lá por gosto — somos conduzidos; não experimentamos determinado tempero por escolha — somos convidados; não desnudamos o peito e a alma ao cavar — mas ao ser cavados. Claro que, tudo isso, sobre encontros verdadeiros, em que nos colocamos lá integralmente.
Foi assim que Sintra deixou de ser prioridade. Trocamos volta ou outra pela cidadezinha descoberta pelos turistas todos do mundo (quando digo todos, são TODOS mesmo), por algumas horas de conversa, carinho e memórias partilhadas (além de uma coleção de novas, fresquinhas), a sombra do pinheiro, no meu lugar preferido na Terra — a Quinta da Conceição. Priorizamos café e livraria na companhia da família que eu já admirava a distância e que desconfio conhecer de outras vivências. Ganhamos frescor. Aquecemos o coração. Reenergizamos. A volta, passou a fazer mais sentido. A viagem, ganhou sentir.
Claro que não recusei travesseiros quentes, recém-saídos do forno, de café da manhã, na Piriquita. Nem uma passada rápida, ao lado do Mosteiro dos Jerônimos, para seis pastéis de Belém, também quentes, para levar. Entre encontro e outro, se agradam também as papilas gustativas.
E mais uma vez, Portugal deixa saudades. Mas já é hora de voltar.