CuritiBath, 15 de julho de 2022.
Austenalopram.
APRESENTAÇÃO
Austenalopram está disponível em três formatos:
Solução gotas, 13 contos/volume; Embalagem contendo um livro.
Comprimido Revestido, 50 capítulos/volume; Embalagem contento um, três ou seis livros.
Xarope, 2 horas/filme; Embalagem contendo de uma a todas as versões.
COMPOSIÇÃO
Solução dose-única | Comprimido
famílias abastadas do interior da Inglaterra (sob a forma de árvores genealógicas complexas, de nomes parecidos)*…… 20 mg
romances com reviravoltas encantadoras, mas previsível …… 15 mg
feminismo de época …… 05 mg
floreios e passeios por condados históricos …… 10 mg
Xarope
famílias abastadas do interior da Inglaterra (sob a forma de árvores genealógicas complexas, de nomes parecidos)*…… 20 mg
romances com reviravoltas encantadoras, mas previsíveis …… 15 mg
feminismo de época …… 05 mg
floreios e passeios por condados históricos …… 10 mg
trajes de época e cafonices hollywoodianas …… 50 mg
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
Austenalopram é um medicamento de uso adulto único ou contínuo. Porém, pode ser administrado, sob supervisão, a jovens pacientes.
Deve ser armazenado em local seco e arejado, preferencialmente longe de traças e outros comedores de papel.
Prazo de validade ainda indefinido, tendo sido utilizado desde 1800 e bolinhas. Com o tempo, porém, pode apresentar aspectos questionáveis e despertar certo incomodo à pacientes mais atentos.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
O Austenalopram é um inibidor seletivo da realidade, de afinidade alta pelo sítio de ligação primário do cérebro apaixonado de românticos. Ele também se liga a um sítio de questionamentos dos tempos, com uma afinidade de ligação, algumas vezes, menor.
INDICAÇÕES
Austenalopram é indicado para esvaziamento de mente e combate aos sintomas de ansiedade provocados, especialmente, pelos sinais dos tempos.
CONTRAINDICAÇÕES
Austenalopram não deve ser utilizado por pacientes de perfil tradicional, resilientes aos questionamentos da atualidade. Também não é indicado para pessoas com sintomas de relacionamento abusivo ou ausência de senso crítico.
PRECAUÇÕES
Durante o uso do medicamento, recomenda-se observar atentamente as notícias locais, de modo a ter lembretes diários da realidade a sua volta.
INTERAÇÕES
O uso concomitante com outras drogas, como vinho, chocolate e mensagem para ex-namorados, por carência excessiva, deve ser evitado.
REAÇÕES ADVERSAS
Carência excessiva e vontade de voltar ao tempo dos afonsinhos, pode ser registrado como reação adversa. Também foram relatados casos de amor e ódio. 1 de 1000 pacientes apresentaram tendência a dançar com os volumes abraçados ao peito, após determinada dosagem.
POSOLOGIA
A dose usual é de um volume por vez, normalmente intercalado entre solução dose-única, comprimidos, finalizado o tratamento em xarope. Usualmente 2-4 semanas são necessárias para obter uma resposta antidepressiva adequada. Após remissão dos sintomas, tratamento frequente, com nova administração da sequência solução dose-única, comprimidos e xarope é indicado. Altamente recomendado para mulheres de TPM (neste caso, a administração com vinho e chocolate pode ser favorável).
SUPERDOSAGEM
Dados clínicos sobre superdose de Austenalopram são limitados e muitos casos envolvem overdoses concomitante de outras drogas. Em sua maioria, casos leves ou casos sem sintomas têm sido relatados. Os casos fatais de overdose com Austenalopram foram raramente reportados e envolveram contato inevitável com um ex-namorado pavoroso.
PRAZO DE VALIDADE
Indeterminado.
Quem frequenta a Tasca há mais tempo, já sabe da minha declarada paixão por Jane Austen - falei aqui, na Edição 5, que redescobri a autora no ano passado, na edição de fevereiro do (melhor) clube do livro (EVER!), do Chicas e Dicas. Lemos juntas Persuasão e, simplesmente, morri de amores pela escrita dessa autora perspicaz - que, como gosto de dizer, me deixava com vontade de dançar com o volume agarrado ao peito. Entusiasmada pela paixão recém-descoberta, resolvi me aventurar pelos demais romances - já havia tentado e abandonado o mais famoso, Orgulho e Preconceito, duas ou três vezes.
Tal qual o texto que introduz essa carta, ler Jane foi como administrar doses cavalares de pílulas de felicidade e deleite, um escape nos tempos difíceis de 2021. E ainda outro dia, conversando com outras amigas que curtem literatura, descobri não estar só no abandono inicial de Orgulho e Preconceito, seguido de encantamento após Persuasão (o livro, não a arte da). Para quem ainda não deu uma chance a autora, deixo aqui a minha ordem de preferência: Persuasão, Orgulho e Preconceito; Emma e Razão e Sensibilidade (não sei dizer qual mais); Mansfield Park; e Abadia de Northanger (Lady Susan segue em leitura tem bem uns 6 meses - seria medo do fim?). Para ser autêntico, o próximo desafio é encarar a obra em inglês - e ler com uma batata imaginaria na boca.
Em tempo: tal qual grande parte dos livros clássicos, embora haja versões lindas e atualizadas, com capa dura e ilustrações, nos sebos há uma infinidade de opções legais - ajuda o bolso e o planeta. Deixo aqui a indicação do meu preferido: um sebo virtual e familiar, que tem vários exemplares de Jane e vive garimpando coisas novas - Sebo Lar Livros e Revistas. Além do site, ele tem um formulário de preenchimento on-line para pedir desejos (é quase cartinha pro Papai Noel, versão ano-todo anti-biblioteca consciente de Eco). Foi lá que descolei o compêndio da Penguin, com todos os romances em sua versão original, que ilustra essa edição.
Para quem prefere uma medicação de dose-única, mais palatável, há uma infinidade de adaptações dos livros para o cinema e para a televisão. Sem dúvida, nesse quesito, a versão de Orgulho e Preconceito, com a musa Keira Knightley de Elizabeth e Matthew Macfadyen de Mr. Darcy é a minha preferida, by far. Mas, confesso que tenho um carinho pelas mais variadas versões e adaptações. Deixo aqui uma listinha do que tem disponível em streaming, para animar o fim de semana invernal (com os créditos: app JustWatch - conhece, né?! Se não… DE NADA!). Por aqui, irei me deleitar com a nova versão do Persuasão, produzida pela Netflix - que saiu hoje e já está dando o que falar, pelos fãs, pois o trailer indicou uma Anne mais boba e cômica do que a personagem original… Discutindo em grupos de apaixonadas pela autora, amei a sugestão de me apegar ao filme como uma adaptação, de roupagem mais leve e moderna - mais ou menos nos moldes da última versão de Emma. Estou ansiosa!
Persuasão (fresquinho, 2022. Ou, como diria a Ludmila… ‘É HOJE!’!): Netflix
Razão e Sensibilidade (1995): Netflix
Emma (2020): Star+
Mansfield Park (no Brasil, Palácio das Ilusões - Porque?!), Abadia de Northanger e Amor e Amizade (ou Lady Susan, para os puristas), além das versões anteriores dos citados, não estão disponíveis em streaming no Brasil, no momento (exceto um ou outro, para locação…).
Bônus: em minha busca, descobri esse filme aqui (Amor e Inocência - 2006), que ainda não vi, mas fiquei curiosa - com Anne Hathaway como Austen, conta sobre o romance da escritora com o irlandês Tom Lefroy (James McAvoy). Esse outro (O Clube de Leitura de Jane Austen - 2007), eu nem preciso falar sobre, certo?!
A companhia perfeita para mergulhar nas páginas dos romances ou adentrar no universo cinematográfico inspirado pela obra icônica de Austen, sem dúvida, é uma comidinha gostosa. Nessa, não faltam inspirações - seja para um piquenique caprichado (a maravilhosa Yasmine Holanda, editora do Yasss, produtora de conteúdo e dona da porra toda no quesito bem-viver, montou um guia excelente para quem gosta de sentar num gramado e apreciar quitutes, mas nunca sabe o que levar), um jantar em muitas etapas ou apenas para um bolinho, acompanhado de bebida quente. Para cardápios extravagantes e bem típicos, o livro Jane Austen's Table tem uma série de receitas legais, separadas por temas e contextualizadas - o livro é importado, mas tem versão kindle a preços módicos.
Aqui na Tasca, a sessão-cinema será acompanhada do bolo esponja, receita do @capituvemparaojantar (para além dessa opção, fuça lá e me conta se essa diva da cozinha-literária não entrega TUDO! - meu eterno agradecimento à Sarah, do Invasões Germânicas, que me apresentou a conta da Denise e, que tive o prazer de encontrar pessoalmente na última semana). Chá, acompanha - fiquei me perguntando qual seria o favorito da autora. Na falta do dela, o meu: Earl Grey, só que na versão com borogodó, da Opportunitea (em homenagem e agradecimento à Ale amada - ainda que longe, sempre tão perto - foi ela que inspirou o tema da cartinha atual): Mode On, um chá preto aromático, com casca de laranja e cravo.
Definitivamente, o mundo-Austen me rende. E enquanto o bolo assa (é rapidinho! Não vai se embrenhar nas reflexões de tua heroína preferida e esquecer no forno), deixo umas dicas-curtas, para os aficcionados que, como eu, se perdem nos meandros do capitalismo da autora:
Essa mini-Austen de crochê, para paramentar a estante - perfeita como tudo que a (tia) Teca produz;
A capa de kindle perfeita existe e posso provar - outra (agora prima) artesã-artista
foda, pela qual coloco a mão (o corpo todo E a conta bancária) no fogo;Vela literária vegetal, com aroma de Pemberly Garden, para aconchegar as sessões leitura/filme/comilança;
Uma sorte dessas;
A coleção Biblioteca Britânica da Toda Frida, para fazer a Elizabeth Beneth;
Os melhores pijamas do mundo todo, que ornam lindamente com livros.
Já para fortunas, digamos, limitadas…
Newsletter gringa divertida, sobre o universo Austen e similares;
Tour virtual na casa da autora;
Uma playlist que Jane faria;
Os audiobooks de domínio-livre, disponíveis no Spotify.
Para fechar (mesmo!): aqueles dedicados a escrever, para além de ler - e se pudéssemos contar com a tutoria de Jane em nossos textos? Rebecca Smith, sobrinha-neta de quinto grau da autora, foi escritora-residente na Casa-Museu de Jane Austen e reuniu uma série de dicas e exercícios de escrita no livro Clube de Escrita de Jane Austen. Todos inspirados e exemplificados com os tão amados clássicos da literatura (ainda em leitura, mas já rendendo ótimos devaneios - obrigada, Tati, por essa preciosidade!)
Poderia terminar desculpando-me por tamanha rasgação de seda. Mas, já diria Emma Woodhouse…
“Indeed, I am very sorry to be right in this instance. I would much rather have been merry than wise.”
Assim, aos não-fãs (que leram essa edição até o fim e, os quais, não converti, mesmo após insistente persuasão - agora sim, nem livro ou filme, a arte): volto em breve e prometo ficar um tempo sem lembrar da autora, ok?! (Ou tentar, pelo menos…)
Com carinho, dessa Tasca-Pub numa não-tāo Londres-tiba,
que delícia de edição. eu guardo para ir lendo aos poucos <3
Mari, que original, divertido e cheio de caminhos esse post! amei! perdi tudo em “tempo dos afonsinhos” hahahaha