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Curitiba, 28 de julho de 2023.
(Mas, texto ainda reverberante, escrito no comecinho do mês)
“Porque quando a gente não está em contato com a nossa poesia, com a nossa conexão, a gente adoece.”
(Adelaide Ivanóva)
Havia chegado mais tarde. Tínhamos ido até o posto, vacinar o Pedro contra a COVID, na janela de saúde que nos encontrávamos. Entrei perto das 09h20 e, já muito passado do meu horário (gosto de iniciar o dia entre 08h e 08h30), ia mergulhando no trabalho, assim, sem nem chuveirada antes. Praticamente sem nem roupa para nadar.
Por uma correria do dia anterior, vi que até o meu e-mail estava aberto em um texto da newsletter da
. Fazendo referência à animação O Serviço de Entregas da Kiki, de (pasme), 1989, o qual ainda não assisti (agora já comecei - mamma style, um dia termino), ela tecia sobre a criatividade em tempos de austeridade. Falava de sua experiência com usar sua “magia” para “fazer entregas”, o qual não é exatamente o meu caso, e do desgaste ocorrido em consequência de se colocar tanta energia em tudo que se faz - aí sim, 100% eu. O arremate final: a necessidade de preservarmos um pedacinho de nossa energia para nós mesmas,; de reconhecer o nosso divino, os remédios de nossa alma e administrá-los a horas e na dose certa - muito mais como o tônico, a vitamina; muito menos como o antibiótico. Manter-se saudável.Na minha mesa, batia o agradável sol da manhã, que aquece sem fritar, que ilumina sem cegar. Olhei a minha lista de afazeres e, entre urgências e importâncias, um lembrete: escrever todos os dias. No relógio, já quase 10h. Pensei mais uma vez. Mas não precisei mais do que um punhado de segindos e outro gole de café para concluir que mais valeria um dia de qualidade, em que se começa bem, ainda que um tempinho depois; do que uma cabeça cheia e pouco, ou nada, atenta e ativa.
Escrever de manhã e antes de dormir. Ler, todos os dias, a qualquer oportunidade - dois, três, cinco livros ao mesmo tempo (distribuídos num caos aleatório que me faz o perfeiro sentido). Dançar, do ballet à música tocada pela Alexa para entreter o baixinho. Ouvir música - aí, desculpa lá, as minhas (com todo o carinho ao Mundo Bita). Novas receitas. Desenhar e pintar. Inventar moda. Todos, pequenos bálsamos, pílulas de felicidade que distribuo ao longo dos meus dias para, verdade seja dita, me manter viva.
Cada vez mais entendo a minha arte como um complemento. Convenço-me da engenharia como uma ocupação adequada, saudável e satisfatória, com seu valor essencial de separa o hobbie do trabalho, o amor do ofício, o joio do trigo (a
fomentou essa reflexão com esse áudio aqui, para apoiadores - lembrando, como ela mesma sempre reforça: apoiem quem te inspira, sempre que possível!). E, ainda que, nessa vida, não me seja possível mudar para uma casinha na montanha e passar os dias entre escritos e leitura, cozinhados e sol da manhã, sob um som de vinil ou dos passarinhos; precisamente, nessa vida, hoje, todos os dias, ainda que só por um minuto ou dois, haverei de encontrar meios para consagrar as minhas divindades, administrar nova dose da vacina que faça o meu sistema de defesa entrar em ebulição e preencher o meu corpo de anticorpos contra a chatice e a monotonia.(Nem 10h30 ainda, podia eu, com foco e garra, partir para aquela proposta, terminar o relatório, começar a pesquisa da apresentação.)
Com carinho,
Manter-se saudável
Podia ser um manifesto seu texto. É uma dúvida que vem me rondando: pq colocamos as demandas do trabalho e dos outros tão na frente e deixamos de lado as nossas com tanta naturalidade. Ainda sem resposta.
sempre com as palavras que aquecem o coração <3