Domingo, 21 de agosto de 2022.
Voltamos de nossa primeira viagem a três na última sexta. O fim de semana foi bagunçado: malas espalhadas; muita roupa para lavar; despensa desabastecida. A isso, somou-se a necessidade de reajustes de rotina, com um bebê agitado, que não queria saber de dormir. Hoje, por exemplo, fui sair do quarto, pela primeira vez, eram quase 16h - e, com uma leve irritação, que entregava o cansaço (também totalmente visível, estampado, em meu rosto).
Segunda-feira, 22 de agosto de 2022.
São 14h29. Eu escrevo, aninhada na poltrona do quarto, ao lado do bercinho onde um neném dorme. Skill da Alexa ‘barulho de ventilador’ em loop, numa vã tentativa de abafar os latidos de dois cachorrinhos terríveis, que parecem adivinhar a hora precisa para o caos.
De manhã, o café foi na mesa do pub. Consegui até tomar uma ducha, enquanto o Pedro se entretinha com seu [móbile] sistema solar. Sinto-me descansada. Após muito reinar durante o dia, a noite foi longa, contínua - das 23h as 06h, raras 7h ininterruptas para ele; também para nós.
Quarta-feira, 24 de agosto de 2022.
Bebê ao peito, em meu pufe-escritório. No computador, cerca de 600 registros, em imagens e vídeos, aguardam para serem editados e organizados em arquivos, back-ups e álbuns - além de um ou dois ser eleito para as paredes. O diário, aberto ao lado, segue incompleto - mas, aguarda a sua vez. Papéis de restaurantes; uma pulseira laranja, meio rasgada, que dava acesso à lagoa; tags de mala e cartões de embarque; se misturam com fotos instantâneas forjadas, impressas na volta.
Quinta-feira, 25 de agosto de 2022.
Revejo os registros incompletos dos últimos dias. Fragmentos de uma escrita do enquanto. Relembro do conselho que dei para uma amiga, recém mãe, muito antes de eu me ver nesse papel (procurada pela minha conhecida obsessão pela estrada):
“na dúvida, viaje. Sempre. Seja uma voltinha até a esquina, ou uma excursão para a lua. Só viaje. Não nascemos para ficar em um só lugar.”
Sexta-feira, 27 de agosto de 2022.
Lidar com a minha frustração de não conseguir fazer determinadas coisas que eu gostaria tem sido um dos principais desafios atuais. Mais pros 40 do que para os 30 (oh, my!), as ressacas perduram tanto quanto, quando não superam, o período de embriaguez.
Nos planos, relatos; uma foto bonita; dica ou outra pra quem vai, pra quem fica. A realidade: a escrita do possível (a consistência). Um bebê aninhado nos braços, depois de desistir d[e insistir n]o berço, que tantos afirmam como ideal (a quem?).
Das memórias do IPhone, uma foto pesponta.
Revejo os retalhos. Alinhavo. Costura aparente.
Mesmo que os últimos dias tivessem sido (ainda mais) caóticos; ainda que o Pedro tivesse acordado 3, 4 vezes por noite; por mais que não me tivesse sobrado respiro para rabiscar essas palavras, olhar rapidamente os registros fotográficos da semana anterior; creio que, desde que mantida a saúde física e mental dele, minha; o meu [pedido] conselho, a época infundado, seria o mesmo:
“na dúvida, viaje.”
Na dúvida, saia. Vá tomar um café, passear no parque, visitar uma amiga. Vá fazer compras na feira, pare pra pastel de queijo, caldo de cana. Veja aquela exposição no museu de sua cidade. Conheça um novo sebo. Volte a sua livraria favorita. Gaste a rodinha do carrinho. Saia com o bebê. Sem ele. Mas, especialmente, com o bebê - meu lugar de fala atual.
Com carinho (mas meio sem tempo),
Mari P. Bragança
Obs.: as dicas de Jeri virão - foi incrível. tal qual, novos planos de viagem, saracoteios por Curitiba, empoderada que fui por um neném parceiro. tudo ao seu tempo - ou, no tempo dele.
Obs. 2: [pra não deixar passar] pra quem é de Curitiba e arredores:
esse fim de semana, n’A Fábrika, rolará o LiterCultura 2022 - o Festival Literário de Curitiba. No sábado, 27, vai ter Itamar Vieira Jr. [Torto Arado], em conversa com o Pellanda; além do Fernando de Barros e Silva [Piauí - Foro de Teresina], com o Galindo - entre muita coisa boa. Entrada gratuita;
a partir da próxima semana, a cultura italiana é celebrada na cidade [e em Colombo], com as festividades do Mia Cara. Já estou morrendo pelo festival gastronômico (dias 03 e 04/09 na Praça da Espanha) e pela exposição de Raffaello (de 06/09 a 06/10 no MON); sem falar de todo o restante;
também no outro fim de semana, dias 03 e 04/09, a cidade de Morretes recebe a Flimo, a festa literária local. Com dor no coração, não conseguirei descer a Graciosa. Mas, a programação está tão gostosa que fica a sugestão de passeio delícia (harmonize com barreado do Villa Morretes, vai por mim!).
Mari, esta foto diz tanto. A liberdade da mãe, a aventura que foi persistida, um bebê que que não se reduz a nada. Lindo!