Sobre empoderar olhares
A escrita nunca foi um caminho simples, mesmo que repetidas vezes tenha sido a minha válvula de escape. Desde 1900 e escrever de lápis, rabisco palavras e sentimentos em um diário (que viraram dois, três, muitos!). Ainda assim, estimulada pelo contexto momentâneo do início do novo milênio, ao escolher uma profissão, acabei optando pelo suposto certo, embora o tal duvidoso permanecesse rondando.
Fui e sou feliz, em uma profissão cercada de números e exatidão, mas tendo optado, com o passar dos anos, por um pedacinho de expressão (quase) livre e criativa: a pesquisa científica. Ainda assim, a arte seguiu me rondando e foi invadindo os meus dias, aos poucos, como em um processo de reconquista: flertamos com a fotografia, especialmente em viagens; brincamos com um ou outro desenho, na criação da Tasca; dançamos juntas de sapatilha e collant. E, quando eu menos imaginava, a mão na mão, o frio na espinha, o beijo roubado: lá estava eu sentada em uma aula de escrita criativa, me sentindo de frente para a nave mãe, prestes a reembarcar.
Estudante eterna, voltar para os cadernos, dessa vez com a escrita, foi instigante e paralisante, na mesma proporção e intensidade. Ao mesmo tempo que descobria um mundo novo, me sentia (e ainda me sinto) uma aventureira maluca, ousando aprender o bê-á-bá depois de adulta. E sempre me restringindo a uma caixinha que já não me continha, sem ainda ter conhecido Cortázar...
“- Como, quem sou? Não está vendo quem eu sou?
- Vejo uma farda de guarda – explica o cronópio muito aflito. – O senhor está dentro da farda, mas a farda não me diz quem é o senhor.”
Em meio a essa pandemia louca, escrever, novamente, virou refúgio. E os cursos de escrita, um lugar-espaço (virtual) de alento. Foi ali, numa quarta-feira de setembro, sentada no chão da sala, lareira acesa, café nas mãos, que me conectei com um grupo de pessoas que, como eu, tinham algumas palavras (frases, parágrafos, textos e mais textos) engasgadas. E em uma oficina inspirada por escritoras quebradoras (da porra toda) de paradigmas, fui empoderada a encontrar o meu olhar – aventura em grupo parece mais segura.
Pois bem. Tudo isso para contar que: no meio desse turbilhão, parece que agora vou lançar um livro. Já esbocei dizer que ‘é só um conto, nada demais. O que, uma, duas páginas’; que ‘é um trabalho iniciante, tô começando ainda’; ou que ‘tem muita fera ali, vocês vão ver, vale a pena comprar pelas demais histórias que estão instigantes’... Mas mesmo não calando, resolvi calar a minha impostora (que consegue falar mais do que eu, imagina só!).
Então é isso. Sem sobrar mais palavras – ou sem usar meias: EU VOU LANÇAR UM LIVRO, P*R$@!
Links:
Matéria completa: https://temporacriativa.com/olhares-empoderados-vol1-coletanea-de-contos-empoderamento-escrita/
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Live de lançamento: https://youtu.be/uxnnYfLvFxk
Quem também tá comigo: https://guardadonagarganta.blogspot.com/2021/04/lancamento-olhares-empoderados.html
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