Cheguei em casa cansada. Tomei uma sopa rapidamente, ansiando por banho e cama. Preparei um chá de melissa e capim-limão, liguei o umidificador do quarto com umas gotinhas de óleo de lavanda. Vesti um pijama comprido, com o corpo ainda quente da ducha. Corri para debaixo do edredom, acompanhada do Papel Manteiga, da Cris Lisbôa.
Dada altura da leitura, algo entre a Antônia saboreando pratos de olhos fechados, enunciando ingredientes, Srta. Virgínia a mandando ler poesia (“Quem não sabe sequer rimar, tampouco entende de panelas.”), lembrei de minha paixão por cartas. Das escritas a mão, em papel de seda (para não pesar o selo). Às digitais, em e-mails cheios de onomatopeias.
Palavras carinhosas, escritas com amor, me arrancam sorrisos, são sentidas como um abraço – mesmo quando não exatamente destinadas a mim. Não à toa, ao menor desejo de chorar (alô, TPM!), diferente da personagem inspiração que recorre às cebolas, resgato um já gasto DVD de “P.S.: I love you”. As lágrimas escorrem aos primeiros acordes da música de abertura.
Cartas são como receber em casa. Escolhemos os detalhes – o papel, o envelope, o guardanapo e o cardápio, tentando nos aproximar do coração de quem nos agracia, com visita ou leitura. Algumas linhas ou taças depois, alma entregue, em palavras.
Ando saudosa de ambos.
Dessa saudade, a semente: abrir a Tasca. Ou um pedacinho dela, em forma de carta. Sem data definida pra chegar ou conteúdo pré-estabelecido. Afinal, nos envelopes e jantares, o tempero especial é a surpresa.
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