Antonina, 31 de dezembro de 2022.
Era a noite anterior. Meti na cabeça que queria ir ao shopping. Logo eu, que há bons anos tinha desapegado desse delírio curitiboca. Queria comprar alguma coisa que, de tão importante, já nem lembro o que era. E talvez nem tenha comprado.
Me arrumei, como de costume - vaidosa que sou, desde berço. Ou barriga. Sapatilha, um blazer. Escovinha. Make. E o vestido branco de ano novo. Aquele, que usei na virada, um ano atrás.
Saíamos de casa, quando lembrei da foto. Medimos a barriga, costume mensal adquirido desde a descoberta. Juntei as cadeiras altas (quem já foi na Tasca, sabe do que estou dizendo). Dez segundos de timer. Chama os dogs. Xis!
Andei lentificada, senti o peso das muitas semanas. Ouvi a anunciação da chegada.
O vestido branco, que não era velho, mas que fora bem usado, fresco e confortável, assistiu tudo, o camarote do cabide das roupas de véspera (que as vezes acumulam de algumas vésperas, por assim dizer).
Outro dia, li não lembro onde, de alguém que, em dezembro, revia as fotos do ano, como uma forma de retrospectiva dos últimos 12 meses. Preguiçosa, sentei há pouco, Pedro mamando, e fui direto ao álbum de favoritos. Passeei nas miniaturas, ampliando uma, outra. Achei essa. Fui pra frente e me emocionei com o vídeo. Mostrei pro marido, que emocionou junto. Roubou o celular da minha mão, para registro daquele instante: um bebê pelado, mamando numa mãe queimada de sol, ambos descabelados, com cara de cansados, a meia luz do quarto da pousada. Acervo familiar.
Ele (o marido), entrou no banho. Eu, voltei para aquela foto. O vestido branco. Uma noite qualquer. A primeira e a última do resto de nossas vidas. Nosso maior réveillon.
Desde ali, estou viajando nesse acaso. Poderia dizer que 2022 mudou tudo e cair em mil clichês. Fazer analogias daquela virada, também madrugueira, com o ano novo. Embora não tema seu uso - como ouvi uma vez, clichês não são assim chamados aleatoriamente - o texto perde em significância. Nós, na possibilidade de olhar para além da superfície. E se tem uma coisa que eu fiz, esse ano, foi mergulhar.
Volto a foto.
O tal vestido branco, hoje preterido a um modelo com abertura frontal (e novo, sempre novo), repousa num canto do armário ao qual um dia pretendia voltar, sei lá se volto. Talvez volte. Mas seu conforto vestirá outras certezas, sedimentadas nesse amadurecer forçado que foi tornar-me mãe.
Sedimentadas.
Sem dúvida, bebês, crianças, são professoras - e o Pedro, grande mestre, desde a semente. Mas o caminho até aqui, eu percorro há muito tempo. E se tem outra coisa que aprendi (além de que corte triângulo, decote alto e branco me valorizam as curvas, mesmo com certa pancinha), especialmente agora, é: celebra o teu corre. Todo dia.
Com carinho e um desejo fortão de um dias incríveis e um ano especial,
Mari P. Bragança
Obs.: DANEEEEE! Já desço cortar queijo, juro!
Feliz Ano Novo <3
Feliz Ano Novo Mari amada ♡♡♡