É só uma alma. É um totem. É o big bang sendo formado, em seu início. São uma, duas, três Maris. E a semelhança acaba aqui (mas cigana, reside, de quando em vez, em alguns gostos compartilhados).
Uma é Clara – e embora a gema a represente muito mais em preferência, cor, sabor e versatilidade, em outro sentido, demonstra sua franqueza: não poupa palavras, quais forem (e, por tal, ás vezes se acha endividada – não sabe que é milionária?).
A outra é xará de tudo. Ou, pelo menos, queria eu que assim fosse – me economizaria consultas no psiquiatra, litros de floral de Bach, noites de insônia.
Nos conhecemos no colégio, matando Educação Física e em um retiro inaciano. Curiosamente, com a primeira, hoje, compartilho suores sem fim nas horas de aulas e ensaios de ballet. Com a segunda, certo afeto, dito pecaminoso, por tatuagem, beras e bruxaria.
Signos de fogo, ascendente em entrega, total e desmedida. Sorte a minha.
Era quarta, estavam loqueadas. Encontro agendado para as 18h. Chego atrasada (conte uma novidade). Duas IPAs e uma garrafa de rosé. Conversa flui solta. Mais duas IPAs e uma burrata. “Sim, três garfos”. Conto um causo, me digo sem saída. Uma me zoa. A outra, me analisa.
Formigas e altas, seguimos para a saideira. Em algum lugar, toca Neil Diamond – cantarolamos. “Qual o nome?” – “Mariana, Mariana e Carol(aaa)ine”.
Moscow mule e fondue de doce de leite (na lata). Caras e bocas em fotos no balcão - “Vamos encerrar a cozinha”. Pedimos o uber, fechamos o bar.
Acordaria sonada, boca seca, gosto de cabo de guarda-chuva. Intercalaria água fresca e café forte toda a manhã, todo o dia. Mas não foi ontem. Não foi na última quarta, nem na penúltima. Nem mês passado.
Nesse momento, é só saudade.