É cozinha aberta, manhã preguiçosa, desjejum de quatro horas. É um litro de café, dois livros e uma vitrola tocando discos antigos.
É calendário festivo anual, são 30 amigos rindo e papeando. É pista de dança na sala, sofá empurrado, fita de led colorida, contrariando a definição das arquitetas.
É comida caseira preparada com tempo, receita e bagunça. É meia luz, sino de patinho, canteiro de lavanda, escada de primavera, azulejo na porta.
São quadros pelas paredes, imãs na geladeira, rolhas assinadas em um garrafão. É um armário de vidrinhos herdado, que há uns bons anos parecia maior.
É lareira acesa com grimpa, cachorra aninhada nas almofadas, taças de vinho espalhadas na mesinha. É teto transparente, nuvens de manhã, encantamento na trovoada. São drinks elaborados, que abrem os trabalhos de sexta.
É bruxaria e oráculo nos sabbats. É devoção aos clássicos literatos. É parede de tijolinho, planta pendente, coleção de guias e de diários de viagem.
É louça antiga, vela acesa, conversa solta. É mais uma garrafa, mais uma bera, um aperitivo ou um digestivo?
É sport bar em fevereiro, irish pub em março, biergarten em setembro (e não em outubro). É bistrô francês em noites de “requintes de malvadez”. É uma casa portuguesa, com certeza. É brazuca em essência.
São mapas rabiscados, planos em guardanapos. São fotos enquadradas.
São histórias: vividas, sonhadas, contadas, inventadas - ficção romanceada, baseada em fatos reais que de fato aconteceram de verdade - mesmo que na imaginação.
É a forma nominal do verbo, que indica continuidade.
É um apinhado de estórias.
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