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Chegaste tarde mais uma vez, outra noitada. Adormecido ao meu lado, contemplo o sorriso que escapa dos teus lábios, ainda arrochados de vinho. Queria-te comigo, mais uma noite. Não. Mesmo tantos anos depois, ainda dói-me te perder para a boemia.
Levanto devagar, não hei de te acordar antes da hora. O sol nasce, no horizonte que não vejo da janela do quinto andar. Respiras tranquilo, musical.
Visto o penhoar, sigo para a sala. Sobre a mesa, uma braçada de rosas vermelhas repousa ao lado de mais um envelope perfumado.
Preparo o café, já é um ritual. Enquanto a água aquece, ajeito as flores em meu vaso preferido. As colocarei em um canto da sala, do qual as veja de qualquer lugar que esteja, aqui ou da cozinha.
Um sol tímido agora adentra o apartamento. Sento-me na cadeira de balanço e sorvo o líquido negro e quente, que ainda não misturei ao leite, para agradar-te. Cheiro novamente o envelope, antes de abri-lo.
Teus escritos me encontram sempre pela manhã e transbordam os meus olhos já à primeira frase. Queria-te presença, nas noites frias, nas manhãs ensolaradas. Tenho-te pela eternidade, em palavras.
Não me basta, ainda que me sustente.
Contemplo as flores da tua história, já no vaso que previste. Separo o tal botão mais fechado, aquele mais apertadinho. Às tuas horas, te levarei o café, numa bandeja florida. Perfumada desse amor e da saudade que sinto de ti, quando não estás.
Lindo lindo <3
<3