Acordar com o desperador, 6h20 - 6h30. Dispensar o soneca. Tomar o remédio da tireóide. Lavar o rosto com água gelada. Passar três camadas de protetor solar, depois da vitamina C. Preparar e tomar o café da manhã. Dar de mamar. Escovar os dentes. Levar para a escola.
Dirigir até o trabalho. Trabalhar até as 11h30. Comer uma banana. Trocar de roupa. Ir para a musculação. Treinar. Voltar. Esquentar a marmita. Trocar de roupa, novamente. Engolir o almoço. Voltar a trabalhar. Realizar as atividades individuais diárias, antes do final da tarde. Frustrar-se ao adiar parte delas para o dia seguinte. Revisar a agenda. Desligar o computador.
Chegar em casa. Cozinhar o jantar. Preparar as marmitas. Dar de mamar. Colocar para comer. Decepcionar-se com o parco apetite.
Brincar até as 19h30, enquanto dobra as roupas lavadas. Tomar banho, enquanto o marido dá banho no bebê. Dar de mamar. Fazer dormir, enquanto lê o livro do clube.
Montar fraldas, enquanto vê um capítulo da série. Arrumar a cozinha, enquanto esquenta a água do chá. Tomar o chá, enquanto rabisca umas palavras no diário. Conversar com o marido, enquanto o sono não vem. Dormir, enquanto o bebê não acorda.
Entre atropelos de um dia comum, me apego aos enquantos. Neles, nesse enquanto, reside a subjetividade de minha adultez.
Tem dias que a rotina tem poesia. Outros dias, porém, tem só rotina mesmo, correria. Mas é nesse equilibrar de pratos, que a vida vai se fazendo interessante.